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segunda-feira, agosto 23, 2010

Humoristas reúnem cerca de 500 pessoas em protesto

A passeata “Humor sem Censura”, organizada por Fábio Porchat e integrantes do grupo "Comédia em Pé", aconteceu na tarde deste domingo (22), na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo a Guarda Municipal, cerca de 500 pessoas compareceram para protestar a favor da liberdade de expressão no humor.

Humoristas de diversas trupes estavam presentes no evento. Bruno Mazzeo apareceu acompanhado do filho. O repórter do “CQC”, Danilo Gentili, Sabrina Sato, do “Pânico na TV”, e Paulo Bonfá, da MTV, foram os primeiros a chegar. Também estavam presentes na manifestação Sérgio Mallandro, Nelson Freitas, Lúcio Mauro Filho, Dig Dutra e o diretor Cláudio Gonzaga, do “Zorra Total”, Marcius Melhem, e os "cassetas" Cláudio Manoel, Marcelo Madureira, Beto Silva e Hélio De La Peña. Adriana Bombom também fez a cobertura do evento e causou frisson entre os presentes.

Em relação à lei que proíbe os programas humorísticos de fazerem piadas ou ridicularizarem candidatos, partidos políticos e/ou coligações, Porchat declarou ao Famosidades, que esteve por lá: “O que eu acho mais absurdo é que essa lei só proíbe a gente de fazer piada durante as eleições. Depois pode, ou seja, Eles só querem ser eleitos”.

Danilo Gentili, do “CQC”, também mostrou-se indignado com a lei. “É uma lei totalmente ridícula. Nem deveria existir”, disse ele. E ainda acrescentou: “Se você vai a uma feira, tem que apalpar o tomate pra escolher qual vai levar pra casa. O TSE não é o feirante, é o comerciante do Paraguai, que tem a mercadoria escondida. Você tem que olhar na vitrine e comprar, quando chegar em casa você vê o que faz”.

AgNews

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Danilo Gentili posou ao lado de Fábio Porchat, que agitou o evento via Twitter

Fábio Porchat, que organizou o evento via microblog, falou das vantagens das redes de relacionamento. “As redes sociais contribuem para que você fique perto do seu público. A pessoa que tá aqui, viu no Twitter, e apoiou a passeata”. O humorista Bruno Mazzeo também elogiou a ferramenta e falou sobre a rapidez com que o protesto se espalhou pela internet. “É uma demonstração dos novos tempos. Foi feito muito rapidamente”, disse ele.

Os manifestantes fizeram fila para registrar sua assinatura no abaixo assinado. O documento circulará na internet e espera arrecadar 1 milhão de assinaturas até o final de setembro. O endereço será divulgado ainda hoje, segundo os organizadores do protesto. A intenção é entregá-lo ao ator Sérgio Manberti, Presidente da Funarte, que levará o abaixo assinado às mãos do Ministro da Cultura, Juca Ferreira. O propósito é que as considerações sejam levadas ao TSE para que se reverta essa lei.

Os humoristas se concentraram em frente ao Hotel Copacabana Palace. A passeata começou por volta das 16h e durou uma hora. Com nariz de palhaço, máscaras de candidatos, vuvuzelas e cartazes, os manifestantes seguiram pela orla até o Leme. Porchat improvisou e puxou o coro: "O que é o que é um pontinho no Congresso? Não posso dizer, senão levo processo”, arrancando gargalhadas da plateia que se espalhou pelo calçadão.

A repórter do “Pânico na TV”, Sabrina Sato também causou reboliço. Sempre autêntica, Sabrina expressou sua opinião em relação ao decreto. “Onde já se viu humorista não poder fazer piada? Isso é piada, né?”, disse.

AgNews

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Sabrina Sato causou reboliço ao cobrir a passeata

O manifesto, exposto em um cartaz ao lado do abaixo assinado, representava a indignação de todos os humoristas. O Famosidades publica aqui o manifesto na íntegra.

“Quando o Estado proíbe o direito de expressão e impede os cidadãos de exporem suas ideias e a livre imprensa de se pronunciar, damos início a um retrocesso inaceitável, nos remetendo ao totalitarismo. Neste ato, não temos a intenção de minar o Governo atual, apenas queremos que tal atitude seja revista pelas autoridades eleitorais. As restrições impostas aos profissionais do humor são francamente inconstitucionais, uma forma arbitrária e espúria de censurar o seu trabalho, silenciando-os.

No exercício da democracia, informar e criticar não somente é um direito, mas um dever. Queremos ter o direito de cumprir o nosso dever. Não é com a mordaça que exercitamos a democracia, mas com a liberdade de expressão e de criação. Que o nosso humor possa servir de carapuça para os que se locupletam com as jogadas infames da política imoral.

Por que querem nos cercear? Por ridicularizarmos os corruptos que nos ridicularizam? Ou por apontarmos de forma jocosa aqueles que traem a nós e também à Pátria, de forma indecorosa?

Que os detentores do poder eleitoral guiem-se pela consciência democrática, pelo bom senso da cidadania.

Que em um exemplo de fidalguia, reconsiderem, em nome da decência e da moralidade, as medidas tomadas que denigrem a imagem do Brasil junto aos países que praticam a democracia.

Que sejam isentos de apadrinhamentos e de servidão diante dos interesses politiqueiros e nos dêem uma demonstração de lisura para que possamos retornar, com altivez e humor, à liberdade de expressão.

E, por fim, que o eleitor possa decidir ele mesmo rir ou não com determinada piada e, principalmente, que possa decidir o que fazer com seu voto.” Fonte

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