A passos apressados anda o mercado de séries. Os prazos entre a estreia nos EUA e em território brasileiro estão cada vez mais diminutos, com uma média atual de duas semanas de atraso.
Com isso, encurta também o tempo para os legendadores verterem os diálogos para o português --e com o menor número de erros possível, já que essa é uma fonte de irritação para os assinantes.
Os direitos autorais da legenda no cinema não valem para a televisão, então todo o trabalho tem de ser refeito quando os filmes entram em cartaz na TV paga.
Entre as séries, as empresas de legendagem têm uma preocupação adicional: ter a mesma equipe para fazer todos os episódios e, assim, padronizar a linguagem usada.
A Drei Marc, fundada há 20 anos, é uma das empresas mais antigas do setor. Começou a oferecer o serviço em 1996 e é responsável por programas como "The Good Wife", "Glee" e "24 Horas".
Tem 50 pessoas habilitadas, dependendo da língua em que o capítulo for falado, para escolher o mais indicado a assumir o trabalho.
Além do manual da empresa, que contém pedidos específicos para cada canal, há um glossário para as produções. O de "Law & Order", seriado com terminologia jurídica americana, tem seus cargos equivalentes certificados pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Outra forma de agilizar os procedimentos é começar a legendagem a partir do roteiro ou de uma cópia não finalizada do capítulo.
"Os prazos diminuíram em 30%", diz Marcelo Camargo, diretor da Drei Marc. "Tempo é fundamental. Mas temos de saber do que temos de abrir mão e manter a qualidade no tempo estipulado", conta seu sócio, Marcelo Leite.
A Gemini, que cuida de "House" e "Weeds", entrou no mercado em 1998. Vê que hoje os clientes querem tudo pronto em 48 horas.
"O conteúdo aumentou bastante. Por isso criamos uma linha de produção e dividimos o trabalho. Especialmente se a série é diária, não tem como uma pessoa dar conta do volume", conta o diretor-geral Moacyr Lopes.
É o caso de "Undercover Boss", exibida semanalmente nos EUA e que aqui o GNT transformou em diária.
TRADUÇÃO LIGHT
A Gemini classifica os tradutores entre sênior, pleno e júnior a partir de um ranking de qualidade e tempo de casa. "Mas acabamos tendo de criar uma nova categoria, a light, para empresas que querem pagar pouco. É um funcionário em formação."
Ele diz que "os clientes têm a ilusão de que é sempre o mesmo tradutor", mas isso depende da disponibilidade do profissional e do prazo.
A HBO também terceiriza a legendagem, mas mantém tradutores na empresa para casos especiais, como os de "True Blood" e "Hung", que tiveram os finais mais recentes exibidos simultaneamente nos EUA e aqui.
"São exemplos esporádicos", diz Gustavo Grossmann, vice-presidente e gerente-geral da HBO Latin America. "Acaba não sendo muito rentável financeiramente acelerar muito o processo de estreia." Fonte
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