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domingo, janeiro 30, 2011

Sintonia COMUNITÁRIA

Na direção da UCS TV e das três UCS FM, em Caxias, Bento Gonçalves e Vacaria, o jornalista, filósofo, teólogo e mestre em Ciências da Comunicação Jacob Hoffmann tem encaminhado transformações nos veículos. Uma delas, que qualificou ainda mais a programação tevê educativa da Universidade de Caxias do Sul, é a parceria com o Canal Futura. Mas os projetos vão além, pensando na articulação da sociedade com seus canais de comunicação, educando e dialogando, na perspectiva de um mundo melhor.

3por4: Que momento a UCS TV e as rádios da universidade vivem?

Jacob Hoffmann: É um novo momento, mas sem desprezar a história construída. Herdamos presença e visibilidade fortes na comunidade. Precisamos entender que comunicação é educação. Todos os veículos têm compromisso educativo e pedagógico, responsabilidade que deriva das concessões públicas. O que é possível fazer? Trabalharmos valores com um novo olhar, educando-o. Por isso, surgem temáticas que envolvem programas e projetos: inclusão social, meio ambiente, relacionamento humano, o crescimento da violência. Acreditamos que é possível ter uma programação diária, mas sem o factual, com abordagem das questões em torno destes fatos.

3por4: Isso inclui novos projetos?

Hoffmann: Um deles é o Janelas da Serra, que contempla a produção independente realizada nos últimos cinco anos. Tem muita coisa boa guardada. Estamos buscando apoiadores. Os quatro primeiros colocados em diferentes categorias terão exibição nacional por meio do Canal Futura. Esta é uma vantagem na parceria com o Futura. Em março, também deveremos ter a transmissão semanal, aos domingos, de uma celebração de Caravaggio.

3por4: Como avalia a faixa do sinal aberto dedicado à comunidade?

Hoffmann: Está evoluindo, o que é bom para a sociedade e democratiza a comunicação pela pluralidade. No Canal 20, existem muitas ações comerciais. O 14, com reformulações recentes, tem o desafio de se encaminhar para um caráter comunitário. A sustentabilidade é sempre um desafio, isso pesa. Mas o é preciso ser realmente representativo de toda a sociedade.

3por4: Como educar pela televisão?

Hoffmann: Às vezes há alguns exageros em atribuir à televisão a razão de todos os males da sociedade. Como se quem assiste fosse totalmente passivo, não elaborasse a sua crítica. Mas a tevê tem, sim, grande influência e presença social na reflexão de grandes questões da sociedade. Emissora educativa tem que gerar conhecimento para que as pessoas tenham autonomia de decisão. A tevê é capaz de mobilizar uma população inteira numa causa. Como fazer isso é o grande desafio. E o dever de inovar é da tevê educativa. Não basta só inovação tecnológica. Uma tevê universitária também está autorizada em inovar em sua linguagem. Tudo o que se busca é estabelecer uma comunicação com a sociedade.

3por4: Qual a crítica à tevê das celebridades e dos realitys?

Hoffmann: Embora estejamos sobre controle de grupos privados, não basta criticar, tem que encontrar formas inteligentes de lutar contra isso. Essa tevê que faz qualquer coisa para faturar acaba prejudicando a sociedade, deturpa ou distorce coisas importantes. Acaba transmitindo modelos que não são reais. Embora se fale em reality, é espetáculo. A tevê aberta tem alguns momentos muito positivos, trouxe temas tabus para discussão. As telenovelas fazem isso com habilidade. Mas, sobre a tevê aberta, pesa uma hipoteca cultural e social. Ela pode contribuir para a construção de cidadãos mais conscientes, participativos. O negócio vale tudo é de curto prazo, mexe com a credibilidade da emissora. Dizer que o público responde a isso é meia verdade. Tem o público que rejeita. Percebo também que, nestas corporações, há um crescimento da consciência social, ambiental. Ou nos ajudamos em algumas grandes questões, ou as grandes cidades, o planeta, se tornam inviáveis para viver.

3por4: Como se renovar?

Hoffmann: Ainda estamos num processo de assimilação, mas os retornos internos e externos sinalizam que se começa a descobrir uma programação muito interessante. Esta parceria com o Futura é algo positivo. Não fecharemos a tevê só à universidade, nos interessa o público que busca esta preocupação social. Não se é o dono de um projeto. É uma construção coletiva. Um projeto como esse nos faz acreditar em ideais como o da construção de uma comunicação dialógica, incidente nas grandes questões da sociedade. Querer melhorar a vida das pessoas é um ideal que move os profissionais envolvidos nesse projeto. Também discutir este “nós” recorrente, essa ideia da “nossa cultura”. Temos que ser plurais efetivamente, aprender com outros. Os que estão aqui e os de fora.

Mudanças são sempre significativas. Rompem procedimentos, instauram debates, acionam transformações. É o que vem acontecendo na programação da UCS TV, sob direção de Jacob Hoffmann. Confira mais algumas novidades da entrevista:

* Sobre novos projetos, um deles que deve documentar o ecossistema das lagoas costeiras gaúchas:
“São formações entre o mar e a Lagoa dos Patos, objetos de uma pesquisa desenvolvida pela UCS. Durante as pesquisas, foram feitos registro sobre estes ecossistemas, únicos no planeta, que começam a apresentar problemas. Há uma nova fase da pesquisa, durante a qual faremos uma série, que também será veiculada no Canal Futura. Também estamos trabalhando com um projeto específico para os jovens.

* Das reações e receptividade junto à comunidade regional:
“Temos reações importantes e positivas também junto às empresas, possíveis apoiadores. Quando se fala em tevê educativa, pensa-se mais na educação formal, mas ela é feita também de diversas outras maneiras. Isso é positivo, pois também se abrem possibilidades de novos projetos. Para tanto, nos associamos a quem tem estas preocupações, sejam professores da universidade, empresas da cidade, organizações não-governamentais e cidadãos.”

——-> Outra coisa importante na entrevista é quando Hoffmann fala do plural majestático recorrente no meio educativo e cultural da região: qual é, de fato, a nossa cultura? Só a de matriz italiana? E a mistura de raças, os novos colonizadores, esta troca tão significativa que tem alimentado a pujança regional? É significativo quando se começa a falar de pluralidade, como o diretor da UCS TV o faz na entrevista. Sinal de que estamos, de fato, penando em diálogos. Com “os que estão aqui e os de fora”. Fonte Foto Roni Rigon

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