Afetado pelo anuncia da saída do Corinthians, que foi seguido pelos quatro grandes do Rio de Janeiro e pelo Coritiba, o Clube dos 13 já não conta com apoio irrestrito da maioria dos seus filiados. O racha acontece devido à negociação dos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiros de 2012, 2013 e 2014 para a TV aberta.
O iG apurou que o C13 calcula que hoje 9 dos 20 filiados apóiam a entidade. São eles Atlético-PR, Bahia, Guarani, Sport, Atlético-MG, Portuguesa, São Paulo, Internacional e Santos. A entidade acredita que esses clubes não abandonariam o barco, mesmo com a pressão das outras equipes e da Rede Globo. A emissora disputa com Record e Rede TV os direitos para transmitir o Brasileiro.
O grupo de “fiéis” é composto por clubes que participam da direção da entidade ou fizeram parte da comissão que estabeleceu as regras da licitação do Brasileiro. É caso do presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, que no ano passado votou na chapa de oposição na eleição do C13, que teve Andrés Sanchez como vice e apoio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O Clube dos 13, de Alexandre Kallil e Fábio Koff, já perdeu apoio de seis clubes
Pertencer à comissão, entretanto, não é garantia de fidelidade. O Botafogo fez parte do grupo até esta quarta-feira, quando se juntou aos demais clubes cariocas e anunciou que pretende negociar os direitos de transmissão sem o Clube dos 13.
Sem a maioria e com risco de ver a entidade que preside há mais de 12 anos perder o seu poder, Fábio Koff viveu um dia de campanha eleitoral. Prestes a completar 80 anos, o dirigente passou a quarta-feira ligando para os clubes indecisos, em busca de apoio.
“Se acabarem com o Clube dos 13, o que farão? Vão formar um novo grupo de clubes para negociar? Terá que formar nova empresa, com nova eleição. É um processo muito complicado”, defendeu o cartola.
Veja divisão de forças entre os 20 filiados do C13
"Desertores"
O Corinthians ameaçava desde o começo de 2011 desertar do Clubes dos 13, argumentando que pretendia negociar diretamente os direitos de transmissão visando um lucro maior. Nos bastidores reclama de receber valores semelhantes a São Paulo, Palmeiras e Vasco, clubes com menos torcedores.
O presidente corintiano, Andrés Sanchez, aliado de Ricardo Teixeira, da CBF, conseguiu atrair simpatizantes, principalmente o Flamengo, também clube de massa que gera as maiores audiências em todas as plataformas de mídia (TV, internet e celular).
Na terça-feira, 22 de fevereiro, Sanchez foi até a sede do C13, durante reunião da comissão que definia as regras do edital da licitação para os direitos, e anunciou que deveria deixar a entidade. Ele confirmou isso na quarta-feira (23 de fevereiro), ao enviar um fax ao C13.
No mesmo dia, pela manhã, os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro (Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco) emitiram uma nota em conjunto anunciando que negociariam separadamente os direitos de transmissão do Brasileiro a partir de 2012, o que significa uma dissidência do C13, seguindo os passos do Corinthians.
No final da tarde de quarta-feira, a diretoria do Coritiba divulgou uma nota em que anunciava que também negociaria por conta suas partidas. “Diante da polêmica em torno das negociações do futuro contrato de transmissão do Campeonato Brasileiro e do questionamento do processo pelo qual esta negociação vem sendo conduzida, a Diretoria do Conselho de Administração do Coritiba Foot Ball Club decidiu preservar, em primeiro plano, os legítimos interesses do clube e do futebol paranaense. Assim, pretende negociar diretamente com as empresas interessadas todos os aspectos comerciais referentes a esses direitos de transmissão”, anunciou o clube.
“Neutros”
Cinco clubes filiados à entidade se dizem neutros na disputa. Três deles, Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras são sócio-fundadores do Clube dos 13. O Palmeiras faz parte do grupo das cinco equipes que recebem mais pelos direitos da TV. Mesmo assim, o clube pleiteia mais força na entidade.
“Já falam em cláusula, em valor e o Palmeiras foi deixado de lado”, revelou ao iG o ex-presidente palmeirense, Mustafá Contursi, do mesmo grupo político da atual direção.
Já o Grêmio afirma que seguirá no Clube dos 13, por enquanto. “Vamos ver qual o rumo das negociações. Se o C13 for o responsável, aceitamos. Se algum clube for negociar sozinho vamos avaliar os interesses do Grêmio. Não podemos ser prejudicados", disse ao iG o vice-presidente do clube, Eduardo Antonini.
A equipe gaúcha foi dirigida muitos anos pelo presidente do C13. Fábio Koff é considerado um dos maiores cartolas da história gremista por ter conquistados duas Libertadores da América. "Respeitamos o presidente Koff. Ao mesmo tempo em que ele defende os interesses do C13, e não os do Grêmio, o Grêmio defende os seus", disse Antonini.
O Cruzeiro não se manifestou oficialmente sobre o caso. Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente do clube, Zezé Perrella, irá divulgar a sua posição até a próxima segunda-feira. Goiás e Vitória também não se pronunciaram sobre o caso, mas o iG apurou que o C13 não se surpreenderia se eles fossem para o grupo de dissidentes. Fonte
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