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segunda-feira, março 02, 2015

Amanhã ou depois eternamente em minha lembrança

Neste dia 2 de março de 2015 divulgo um texto que levei dez anos para fazer. Neste dia 02 a data é marcada por dois acontecimentos na minha vida, e que mudaram muitas coisas, inclusive o meu modo de pensar e agir.

Há dez anos eu iniciava uma nova etapa e ciclo na vida, No dia 02 de março de 2005 eu começava a cursar Jornalismo na UCS, e nesta data eu perdia uma das pessoas mais importantes da minha vida, que era o meu avô Isidoro Sgarabotto. Desde então este período ficou marcado fortemente pra mim, o meu vô foi cuidar de mim lá de cima no céu, eu acredito nisto e é o que basta.

Eu não tive oportunidade de falar para ele que neste dia começava a realizar um grande desafio, mas, confesso que tentei. Na quarta-feira de sol, logo após a aula de manhã, fui visitá-lo no Hospital Geral, ou seja, ele estava ao meu lado, mas, fui informado que eu não poderia o ver, pois, no seu quarto já tinha visita. E sem saber como terminaria o meu dia, fui feliz para casa contar para a minha mãe como tinha sido a minha estreia no curso de Jornalismo, e contei para ela que não consegui visitar o vô.

De noite meu pai liga em casa e busca a minha mãe, e neste momento percebi que algo grave aconteceu, havia perdido o meu avô Isidoro, mas naquele instante não tinha sido confirmado para mim. Minutos depois meu pai retorna do hospital, e me chamar de “Ivanzinho”, diz que o vô morreu. É uma notícia que me abalou naquele instante, mas que não chorei, e eu não conseguia, estava “anestesiado” e a minha “missão” a partir daí era confortar a minha família, e por minutos fiquei segurando a mão da minha vó Rosa, e dando todo o apoio possível.

Umas três horas depois foi um dos momento mais dolorosos da minha vida e solitário. Ao chegar em casa para “descansar” já que no dia seguinte seria o velório, liguei o rádio e a primeira música que tocou foi “Amanhã ou Depois”, do Nenhum de Nós, justo esta canção que fala de “Amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais, nunca mais”, a partir de então comecei a chorar e a realidade surgiu; perdi o meu avô.

O meu avô esperou eu começar na faculdade para morrer, e ele simplesmente esperou eu iniciar uma nova trajetória para cuidar de mim e da família num lugar especial. O dia 02 de março de 2005 foi marcante, e a música “Amanhã ou Depois” ficou gravada na minha memória, por além de ser da banda que mais gosto, o meu avô havia me dado R$ 15 para comprar ingresso e ir no show do Nenhum de Nós, no Quinta Estação, no ano anterior, se não me engano.

Tenho só lembranças boas do meu avô. No final do ano de 2004 foi um dos dias mais especiais para mim, e imagino que para ele também, afinal, ele estava vendo o neto se formar no Ensino Médio, quando estudava no Santo Antônio. E ele estava tão nervoso que ficou com vergonha de ir lá na frente do palco, no momento que era registrado uma foto. Logo depois, paguei a ele o refri Guaraná, e eu notava a alegria e felicidade dele, a mesma que senti com os meus pais na minha graduação.

O Guaraná era o refri que ele mais gostava, e todos os domingos depois de assistir à missa na Catedral, ele ia na lancheria dos meus pais tomar o Guaraná e pegar um cachorro quente, e nesse meio tempo ficávamos conversando sobre como eu estava, do meu time, notícias banais e volta e meia chegávamos ao assunto da política.

Talvez por causa do meu avô, eu comecei a gostar de política, pois, uma conversa ou outra, o assunto era este, e eu gostava de conversar com ele sobre isso, e fazíamos “debate” sobre várias notícias também. Ele gostava de ouvir o “Jornal Formulo” ao meio dia, e de assistir os “Guerrilheiros da Notícia” na TV Guaíba às sete da noite, ou seja, estes horários eram sagrados, e os dois ficavam ali prestando atenção na informação.

Política e Jornalismo até hoje fazem parte da minha vida, e indiretamente o meu vô está ligado nisso. Por fim, nesta parte de memórias e sei que tem muito mais, mas, era “sagrado” ele me oferecer bala de menta, é impressionante como ele sempre tinha balas, e assim sendo, ele sempre me oferecia, e quando não tinha no bolso, me pedia para pegar no guarda roupa, que havia um pacote.

O meu vô trabalhava no porão com carpintaria, e eu sempre o visitava antes da aula ou depois no tempo da escola, e estes encontros me fazem falta até hoje. Vô Isidoro, 10 anos se passaram e tu sabe o quanto sinto a tua falta. E eu sei que nos momentos mais difíceis da minha vida, tu não deixa eu desistir ao me tornar uma pessoa mais forte. Tu e a Vó Bela, mãe da minha mãe estão nos guiando.

Neste mês de março completa um ano que me formei em Jornalismo na UCS, não que eu tenha levado 10 anos para me graduar, mas tu sabe, trancar a faculdade, depois retornar com uma ou duas disciplinas e ter dinheiro para pagar nunca foi fácil, mas, tudo nesta vida é lição, e neste período todo tudo o que o senhor me ensinou e cuidou de mim, ajudou a me tornar uma pessoa especial, e só tenho te a agradecer. Obrigado.

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