Carlos Alberto de Nóbrega, 74 anos, acredita que 2011 será um ano de superação para o SBT. Amigo de Silvio Santos, o apresentador do humorístico A Praça É Nossa aposta na volta por cima do patrão, que deu seu patrimônio como garantia da quebra do banco PanAmericano. Com contrato renovado até 2013, ele nega que Silvio tenha tentado reduzir seu salário e revela que o dono do Baú deve assumir o controle de suas empresas quando retornar das férias, em março.
A crise no banco PanAmericano afetou alguma coisa no SBT?
Não está influenciando nada. Mas lá na emissora todo mundo está com pena do Silvio, porque ele é um grande patrão, um cara que deu todo seu patrimônio como garantia para saldar a dívida. Quando essa história começou, a única coisa que ele me disse foi: "fica tranquilo que muito mais cedo do que você esperar esse terremoto vai passar".
Silvio está fazendo cortes nos orçamentos das produções?
O que ele está fazendo é cortar o excesso de gastos. Por exemplo, o escritório do Grupo Silvio Santos, que ficava num prédio na Avenida Angélica, está indo para uma salinha no SBT.
O que acha que vai acontecer quando o Silvio voltar de férias?
Ele disse que vai assumir o comando dos negócios. Se isso acontecer, vai ser bom para todos nós. Ele é muito macho para enfrentar essa situação. E eu acredito que isso vai passar.
Então, ele não vai parar nem reduzir o ritmo de trabalho em 2011?
Agora, o Silvio só para com 90 anos.
Como seria a sucessão de Silvio na emissora? Ele já comentou com você sobre o assunto?
Acho que dentro da família seria tranquilo. Daniela (Beyruti, diretora e filha dele) é maravilhosa, preparada, tem ideias novas. Aliás, todas as filhas são muito humildes, nem parecem filhas de um milionário. Mas acho que Daniela ainda não está pronta para comandar, porque Silvio a segura demais, é muito centralizador.
E essa história de venda do SBT? Você acredita que ele venda a emissora?
A única coisa que ele pode vender é o Baú da Felicidade, que dá prejuízo. O resto, duvido que ele venda, como a TeleSena, o Jequiti, o SBT... Acho que, se vender a emissora, ele morre! É a vida dele. Já o vi recusar muitas propostas, dizendo: "Não vendo, não vendo...". Quércia (ex-governador de São Paulo) já quis comprar, o Edir Macedo (líder da Igreja Universal do reino de Deus e dono da Record) também.
Você renovou contrato até 2013. É verdade que Silvio tentou cortar seu salário, como fez com a Hebe?
Na renovação, ele não tirou um centavo meu. Mas, há dois anos, ele cortou os salários de todos. Foi por isso que o Gugu saiu do SBT e foi para a Record. Tiraram 30% do nosso salário naquela época. Não gostei, fiquei muito chateado, porque o meu programa estava todo vendido. Dava lucro. Ganho participação no merchandising.
Qual é a sua expectativa para 2011?
Acho que vai ser um ano muito difícil. Mas depois vai tudo voltar ao normal. O público acredita muito no Silvio. Acho que, na hora em que ele parar de mexer muito na programação, as agências de publicidade vão passar a acreditar mais na emissora.
Você sempre se queixou dessas mudanças na grade, não é verdade?
Gostaria muito que tivesse alguém mexesse na programação corretamente, sabendo o horário e o dia que são melhores para as novelas e programas. Em 23 anos de SBT, Silvio só se meteu uma vez no meu programa, quando disse que a Praça seria feita por apenas cinco artistas. Muita gente foi mandada embora, mas depois voltou.
Como lida com essas atitudes do Silvio?
Ele não faz nada para prejudicar alguém. Simplesmente, acorda no dia seguinte e fala: "Vou mudar a grade". Ele faz coisas erradas como gravar uma novela inteira e deixá-la na gaveta. Isso não dá condição, por exemplo, de entrar ações de merchandising. Aprendi a conviver com ele depois de bater de frente muitas vezes. Quando fui para o SBT, Silvio disse que queria a minha experiência de 12 anos de Globo. Eu acreditei nisso, mas quando botei as manguinhas de fora, ele começou a me cortar.
E você já pensou em sair da emissora?
Não. Nunca trabalhei tão à vontade quanto no SBT. Lá, faço o que quero, sem interferências, porque Silvio não faz nada com meu programa sem me avisar antes. Como fui diretor artístico, continuei com o status, com direito a uma sala e todas as regalias do cargo.
O que a Praça trará de novidades no ano que vem?
A Praça é um feijão com arroz bem feitinho. O público quer ver isso, humor leve e popular. Vou colocar no ar cinco novos quadros em janeiro. Todos já foram testados. Tenho certeza de que vai dar certo. Estou trazendo uma garotada ótima que faz comédia stand-up em São Paulo. Fonte
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