A todo momento toca-se a trombeta de que a TV vem perdendo público, que a audiência mudou.
Mas a plateia que parecia inabalável em índices de 20, dez anos atrás não foi tão afugentada, garante o Ibope. Ela mudou de canal, de preferências, de horário, mas ainda registra boas bilheterias.
Em 2000, a novela das 20 horas da Globo, "Laços de Família" --um dos programas mais assistidos da TV brasileira-- registrava média de 45 pontos de audiência.
Na época, segundo o Ibope, cada ponto equivalia a 43 mil domicílios na Grande São Paulo. Portanto, 1,935 milhão de domicílios estavam sintonizados na trama de Manoel Carlos.
A dona do horário hoje, "Passione" chega à média de 42 pontos, num universo em que cada ponto corresponde a 60 mil domicílios. Levando a conta à risca: tem 2,5 milhões de domicílios em sua plateia. Público bem maior.
"A população cresceu. Em quantidade, hoje há mais gente na frente da TV do que há dez anos. Um ponto de audiência vale bem mais", afirma a diretora comercial do Ibope, Dora Câmara.
Mas o instituto reconhece as mudanças nos hábitos de audiência. A Globo, ainda líder, enfrenta, ano a ano, o abalo da soberania, com o crescimento da concorrência. Já as faixas horárias antes renegadas, como a madrugada, hoje têm público mais farto e disputado.
"As pessoas falam muito, mas o número de TVs ligadas quase não mudou nesse período. A novela das 20h em 2009 marcava média domiciliar de audiência de 21%, a mesma de 2000", diz Dora.
"Temos de prestar atenção no total de TVs ligadas. É o que mostra se há mais gente vendo TV ou não." Se usarmos esse comparativo, a queda é irrisória.
Segundo medição na Grande São Paulo, o share (participação entre TVs ligadas) da TV aberta em 2000 na média/dia (das 7h à meia-noite) era de 45%. Em 2001, 42%. Hoje, segue, até outubro, em 43%, a média de 2002, 2003, 2004 e 2007.
Se esse público congelou na poltrona, por que então a audiência da TV aberta parece despencar ano a ano?
Segundo o Ibope, os hábitos dos telespectadores mudaram. A audiência se pulverizou por outros canais, outros horários, abocanhando pontinhos das imponentes médias das atrações líderes, concentradas no horário nobre, que também mudou.
Nos 1990, a audiência começava a subir às 17h30. Hoje, a plateia noturna ganha quórum às 19h e pode chegar ao seu pico depois das 22h, faixa que, anos atrás, marcava o despencar do número de TVs ligadas.
Ao olhar para frente, o Ibope espera mais mudanças: aposta na demanda do mercado por mapear melhor o público de cada região e na medição de audiência móvel, em que o conteúdo será o alvo, independentemente da plataforma de veiculação.
"Daqui a dez anos, as pessoas não saberão mais em que tela (TV, iPad, PC) assistiram a determinado programa. Vamos medir audiência por conteúdo", diz Dora. "A TV da sala não será mais o centro da captação. O Ibope já está pronto para isso, é só o mercado pedir." Fonte
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