A TV Globo divulgou comunicado (leia abaixo a íntegra) na noite desta sexta-feira confirmando que vai negociar diretamente o direito de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro a partir de 2012 com os clubes, sem envolver o Clube dos 13.
A nota confirma a reportagem publicada pela Folha na última quarta-feira em que a emissora carioca não entrará na licitação com o C13, da qual está previsto a participação da Record e RedeTV!.
ENTENDA O CASO
A disputa pelos direitos de transmissão do Brasileiro não terá efeito sobre a competição deste ano. A discussão que está esfarelando o Clube dos 13 é sobre como serão transmitidos os jogos do triênio 2012-2014.
Neste ano, as partidas da Série A continuarão a ser transmitidas em conjunto por Band, Globo e Sportv. Mas, no ano que vem, tudo pode mudar radicalmente.
Um grupo de clubes quer negociar a transmissão de suas partidas do Brasileiro de forma separada do C13, que é atualmente quem cuida da venda dos direitos.
Só que, caso esses times vendam seus jogos para uma emissora diferente da vencedora da licitação feita pelo C13, pode acontecer uma grande confusão.
No Brasil, as duas equipes que participam de um jogo dividem os direitos sobre o mesmo. Assim, o encontro só poderá ser transmitido caso os dois times estejam sob contrato com a mesma emissora de TV ou se houver um acordo.
Um cenário possível é que a emissora detentora dos jogos de oito clubes, por exemplo, só possa veicular as partidas entre eles. Neste caso, confrontos entre times ligados a redes diferentes ficarão longe da TV.
Esse não é o primeiro racha desse tipo no Brasil. No fim dos anos 90, o Clube dos 13 rompeu contrato com a TVA para a transmissão dos jogos da primeira divisão pelo canal ESPN Brasil.
O que aconteceu? A emissora de TV por assinatura teve de se contentar em exibir apenas as partidas que não envolvessem os clubes filiados àquela entidade.
As disputas pelo dinheiro da TV não são exclusividade do país. Na Espanha, cada time pode negociar seu acordo. Mesmo assim, o Sevilla reclama de um modelo que julga favorecer Real Madrid e Barcelona. Por isso, alguns jogos do time ficaram sem nenhuma transmissão nos últimos anos.
O Campeonato Inglês, a liga nacional mais rica do planeta, adota a venda coletiva dos direitos, como era no Brasil antes do racha.
NÚMEROS
O edital publicado na quinta-feira exige o preço mínimo de R$ 500 milhões por ano de contrato. A Globo, por oferecer "maior exposição" tem a vantagem de vencer a concorrência mesmo que faça uma proposta 10% menor.
Assim, o mínimo para as demais emissoras iria a R$ 550 milhões em cada uma das três temporadas a partir de 2012 --o Campeonato Brasileiro de 2011 é da Globo e não sofre qualquer alteração.
De acordo com o atual contrato, a Globo pagou R$ 230 milhões anuais pela transmissão na TV aberta.
O pacote com pay-per-view, TV fechada e internet rende outros R$ 170 milhões.
A intenção do C13 é vender cada modalidade separadamente. Sem contar a TV aberta, a entidade espera arrecadar R$ 800 milhões anuais.
"Quem pensar um pouco vai voltar atrás", declarou ontem o presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, um dos líderes da "resistência", ao lado de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo.
Pelas contas do C13, o Corinthians (assim como Palmeiras, São Paulo, Flamengo e Vasco) passaria a ganhar R$ 42 milhões pela exibição do Brasileiro na TV aberta.
Até este ano, o ganho foi de R$ 16,8 milhões.
"Os presidentes que saíram precisam explicar aos seus conselheiros e torcedores quanto a mais vão ganhar sozinhos", disse Juvêncio.
Na quinta-feira, Andres Sanchez ironizou essas ameaças. "Podem ficar tranquilos que eu vou ganhar mais do que R$ 42 milhões", disse o corintiano. Andres aposta ser possível chegar a R$ 70 milhões.
LEIA A ÍNTEGRA DO COMUNICADO DA GLOBO
"Os dirigentes efetivamente preocupados com os legítimos interesses dos seus clubes e, acima de tudo, os torcedores são testemunhas dos volumosos investimentos que a Rede Globo tem feito ao longo desses anos, numa parceria pelo aprimoramento do nosso futebol, na busca de um espetáculo emocionante, com profissionalismo e qualidade.
Essa contribuição tem se traduzido no crescimento das receitas dos clubes, não só através das receitas obtidas com a venda dos direitos de transmissão, bem como com a comercialização de outros direitos, incluindo propaganda nos uniformes e publicidade nos estádios.
As exigências e modificações nos conteúdos das plataformas implicam na desestruturação de um produto complexo, que foi construído ao longo dos últimos 13 anos, inviabilizando assim qualquer perspectiva de um retorno compatível com os investimentos na compra dos direitos.
As condições impostas na carta-convite não se coadunam com nossos formatos de conteúdo e de comercialização, que se baseiam exclusivamente em audiência e na receita publicitária, sendo incompatíveis com a vocação da televisão aberta que, por ser abrangente e gratuita, é a principal fonte de informação e entretenimento para a maioria dos brasileiros.
Assim é, em respeito ao interesse do público, que a Rede Globo se sente impedida de participar desta licitação e pretende manter diálogo com cada um dos clubes para chegarmos a um formato para a disputa pelos direitos de transmissão que privilegie a parte mais importante desse evento: o torcedor.
Central Globo de Comunicação" Fonte
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