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terça-feira, março 01, 2011

O “serial killer” de Porto Alegre assume atropelamento de ciclistas

O comentário a seguir é do colunista e jornalista Flávio Gomes, concordo com tudo que ele disse e recomendo a leitura do texto.

Foi uma das cenas mais chocantes de assistir pela imbecilidade do motorista Ricardo Neis, funcionário do Bando Central, ao atropelar ciclistas em Porto Alegre, com muitos feridos, e felizmente ninguém morreu.

A besta-fera

A besta-fera que atropelou dezenas de ciclistas na sexta-feira em Porto Alegre se chama Ricardo Neis, tem 47 anos e é funcionário do Banco Central. Ele se apresentou à polícia segunda-feira. Graças ao estúpido Código Penal brasileiro, redigido para proteger meliantes, não pôde ser preso em flagrante, embora haja vídeos mostrando o que ele fez e não exista nenhuma dúvida sobre a autoria do crime.

(É curiosa, a Justiça brasileira. O jornalista Pimenta Neves, mais de dez anos atrás, matou a namorada, Sandra Gomide. Matou, confessou, entregou a arma do crime. Mas por alguma razão que jamais conseguirei entender, e jamais alguém conseguirá explicar, está livre até hoje por “presunção de inocência”. O goleiro Bruno é acusado de mandar matar a namorada, Elisa Samúdio. O corpo não foi encontrado até agora. Está preso, embora negue o crime. O caso de Pimenta Neves seria suficiente para que fossem abertos os portões de todos os presídios do país. Se um cara mata alguém, vai à polícia e confessa, como é que um tribunal tem a coragem de deixá-lo livre? Como é que os juízes desses tribunais deitam à noite e conseguem dormir? Por que um sujeito que faz o que ele fez está solto e todos os outros detentos do país que alegam inocência seguem presos? Notem: são dois casos envolvendo pessoas supostamente “importantes”, de posses, como se diz: um ex-diretor de Redação de um dos maiores jornais brasileiros e um goleiro do time mais popular do país. Como acreditar numa Justiça dessas?)

Não sei o que vai acontecer com esse “serial killer” de Porto Alegre. No depoimento que deu à polícia e na entrevista que pode ser vista aqui, mente descaradamente. Diz que estava sendo ameaçado e que seria linchado se não fugisse dos ciclistas. Mentiroso, pilantra, assassino, cínico. E o delegado toma seu depoimento e o manda para casa. Será possível que um delegado não tem autoridade para dar voz de prisão com tantas provas? Ele, igualmente, é réu confesso. Não nega que atropelou aquela gente toda. Não há o que discutir, o que apurar. Ele só não matou ninguém por pura sorte, o que fez foi uma tentativa deliberada de assassinato em massa. O que é preciso fazer neste país para ir parar na cadeia?

O Ministério Público Estadual pediu sua prisão preventiva ontem à noite. Será que não há um juiz, um único juiz de plantão em Porto Alegre macho o suficiente para decretar imediatamente a prisão? Será que não há uma autoridade sequer que seja capaz de proibi-lo para o resto da vida de dirigir qualquer coisa que tenha rodas? Será que não há um diretor do Banco Central macho o bastante para demitir esse assassino imediatamente? Será que terei de conviver com o fato de que ele, funcionário público, continuará a receber seus salários pagos com o dinheiro dos meus impostos?

A besta-fera tem um passado de infrações e, segundo li, violência doméstica — seria bom que a imprensa gaúcha escarafunchasse a vida desse indivíduo, já que a polícia não parece muito disposta a nada, porque se estivesse teria caçado o sujeito até encontrá-lo durante o fim de semana, e não esperado que ele se entregasse de terno, gravata e advogado a tiracolo. É um animal selvagem solto nas ruas. E o cara fez isso com o filho de 15 anos sentado ao seu lado no banco do carona. Além de tudo, envolve no caso um adolescente que deveria ter o pai como exemplo de conduta, de vida, de tudo.

É, realmente, o fim dos tempos.


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