O Senado da Bolívia aprovou na semana passada um projeto de lei que aumenta o poder do governo de Evo Morales sobre os meios de comunicação no país. A medida, que ainda precisa ser sancionada pelo presidente, reserva aos meios de comunicação privados 33,3% das licenças de rádio e TV. Outros 33,3% caberão ao Estado. Organizações sociais terão direito ao restante das concessões, assim como organizações de povos indígenas.
No total, a lei tem 117 artigos. Outro trecho polêmico abre caminho para o governo requisitar dados telefônicos em caso de segurança de Estado, ameaça externa, ou comoção interna. Nessas condições, as empresas de telecomunicações serão obrigadas a cooperar.
O processo de transição no modelo de concessões será gradual, já que as licenças da maior parte das rádios expira somente a partir de 2017. O projeto foi criticado pelas empresas de comunicação, entidades de classe e oposição.
De acordo com a Associação Boliviana de Radiodifusão (Asbora), 400 emissoras poderão fechar depois de 2017. Para a entidade, a lei restringe a liberdade de expressão na Bolívia. "Estão obrigando as rádios privadas a fechar", disse o presidente da Asbora, Raúl Novillo.
Para o diretor da Associação de Jornalistas de La Paz, Antonio Vargas, o governo quer monopolizar o espectro eletromagnético. A senadora opositora Senta Reck disse ontem que o governo poderá perseguir opositores com a nova lei.
O governo, por sua vez, diz que a lei não fere a Constituição. Segundo o ministro da Comunicação Iván Canelas, a lei aprofunda a democracia ao permitir o acesso de associações indígenas e sociais aos meios de comunicação. O presidente do Senado René Martínez considera que a lei não viola direitos individuais. Fonte
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