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sábado, junho 02, 2012

Tributo à Legião Urbana - A história do rock nacional

Foto: Lauro Capellari

Por: Felipe Almeida, do site Território da Música

Quem esteve, terça-feira (29), no Espaço das Américas, em São Paulo, presenciou uma grande apresentação da história do rock nacional.

Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Wagner Moura se juntaram para celebrar os 30 anos de existência de uma das maiores bandas do rock nacional de todos os tempos, a Legião Urbana. O público estimado de sete mil pessoas já cantava as músicas antes do início do show e, quando as luzes se apagaram às 22h05, o que se presenciou em duas horas de espetáculo foi algo próximo a uma catarse.

"Tempo Perdido" foi a canção escolhida para iniciar o show. A voz do Wagner Moura não estava baixa, mas o coro de sete mil vozes ofuscava o som que vinha do palco e deixava os músicos preocupados com o retorno no palco.

Passado esse primeiro momento, o ator e vocalista da banda baiana Sua Mãe, se soltou e provou que é um dos grandes artistas do Brasil. Um show de interpretação e humildade.
Jamais se comparando ao saudoso Renato Russo, Wagner se colocou o tempo todo como um fã, e não como 'substituto' do cantor morto em 1996.

O primeiro convidado a subir ao palco foi o guitarrista Fernando Catatau, que toca na banda Cidadão Instigado e também acompanha o cantor Otto. "Andrea Doria" não é das músicas mais conhecidas do repertório da Legião, mas a melodia é triste e introspectiva, característica singular na poesia do Renato. "Talvez seja a última vez que vocês verão Dado e Bonfá se apresentando juntos. Esse é um dos dias mais emocionantes de toda a minha vida", declarou Moura.

O segundo convidado foi Clayton Martins, que tocou gaita em "Geração Coca-Cola", cantada por Dado Villa-Lobos com direito a violão de doze cordas em versão semiacústica.

Um dos momentos grandiosos da apresentação foi quando Dado convidou Andy Gill, guitarrista da banda seminal inglesa Gang of Four, notoriamente uma das influencias musicais da Legião Urbana. "Damage Goods" contou ainda com Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas do Sucesso, porém a reação do público foi aquém do esperado, mesmo com Dado visivelmente emocionado ao assumir os vocais junto ao guitarrista inglês.

"Ainda é Cedo" é apresentada na sequência já com Moura nos vocais, e novamente o público canta muito alto e a voz de Moura demora alguns minutos para equilibrar o som do palco. Durante o refrão, alguns versos de "Love Will Tear us Apart" são misturados à música e o público, dessa vez, acolhe muito bem a música do Joy Division, precursora da banda New Order, influência escancarada do trio brasiliense.

"Perfeição" é a última música da primeira parte do show. Dado incorpora trechos de "Lithium, canção escrita por Kurt Cobain nos anos 90, gravada no lendário Nevermind.

A banda retorna ao palco para o primeiro bis e toca "Teorema", cantada em uníssono pelo público. "Giz" também é calorosamente cantada pelo público. Num dos momentos mais marcantes do show, Dado inicia os acordes de "Pais e Filhos", que levam sete mil pessoas ao delírio. Wagner Moura se supera e faz uma interpretação digna de aplauso e comparável ao carisma e presença de palco de Renato Russo. Dessa vez, Dado intercala "Stand By Me", escrita por Ben E King no começo da década de 60, e imortalizada depois na voz de John Lennon.

O show está quase no final e a banda retorna pela segunda vez ao palco e toca "Será", o primeiro ‘single’ da banda, gravado em 1985 no álbum "Legião Urbana".

A apresentação termina e após 26 músicas tocadas em pouco mais de duas horas e dez minutos, o público deixa o Espaço das Américas literalmente embasbacado. Num repertório tão extenso, faltaram alguns clássicos como "Eduardo e Mônica", "Por Enquanto" e a mais pedida, "Faroeste Caboclo".

O saldo sem sombra de dúvidas foi positivo. Wagner Moura se portou durante todo o show como fã da banda e do Renato Russo. Jamais quis provar que poderia se equiparar, ou muito menos superar o carisma, a sensibilidade e o tormento pessoal que jorravam de Renato Russo em todas as canções.

Dito isso, Wagner Moura pode dormir tranquilo, afinal nessa batalha o Capitão Nascimento foi novamente vencedor.

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