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segunda-feira, abril 12, 2010

Pendurando as chuteiras VI

O lado psicológico do atleta
O sonho da maioria das crianças é de ser jogador futebol. Começar no esporte, desde pequeno, pode ser o mais fácil. Permanecer nos campos é o mais complicado devido ao grande número de atletas concorrentes e ao fator psicológico. Muitos se perdem no meio do caminho, como uso de drogas, devido à falta de estrutura.

Segundo a psicóloga caxiense e presidente da Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, Lourdes Scola, a grande maioria dos jogadores tem dificuldade em largar a carreira: “Isso depende do desenvolvimento emocional de cada atleta”, diz. A psicóloga afirma que, quanto mais os jogadores se prepararem e se desenvolverem no que vão fazer no futuro, mais fácil será o período de transição posterior a parada. “É preciso equilibrar a celebridade que seu papel profissional lhe dá e preservar seu lado pessoal.”, comenta Lourdes.

Deixar de ser celebridade, não ser o mais procurado pela imprensa e pela massa que estava ao seu redor, apuros financeiros, são alguns dos problemas que o atleta pode sentir ao sair dos campos, aponta a psicóloga. “Estas dificuldades poderão propiciar outras, tais como, a entrada no campo das drogas ou até desestabilidade familiar.” salienta Lourdes Scola.

Os atletas precisam se organizar, planejar seu futuro e iniciar nova carreira profissional, já que ainda serão relativamente jovens, confirma a psicóloga: “Eles não precisam se ‘tratar’”. Os atletas começam a carreira profissional muito novos e não têm noção de como vai ser o fim delas. ”No início o foco está no momento em que terão o sucesso, o auge e todos os bônus advindos do sucesso.” enfatiza Lourdes.

Segundo a profissional, o psicólogo auxilia muito o jogador durante a carreira para preparar final, promovendo a reflexão de seus comportamentos e relações com outras pessoas e os impactos de suas ações. “Este exercício leva ao autoconhecimento, maior domínio de si e à maturidade emocional, entre outros. Estes aspectos serão fundamentais para preparar e viver o fim desta carreira e o início de outra”, explica.

Lourdes Scola critica os atletas que não se preparam para o término de suas carreiras. “Os jogadores que pensam assim demonstram um desenvolvimento emocional imaturo, pois ficam no imaginário de que o presente se estenderá para sempre.” conclui a psicóloga.

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A próxima edição do Pendurando as chuteiras será EXTRA, com informações adicionais sobre o Sindicato e Associação de Atletas, para fechar esta série de matérias sobre a despedida dos jogadores dos gramados.

Confira:

1ª Parte - Caixinha de surpresas

2ª Parte - Futebol sem arte

3ª Parte - A despedida dos gramados

4ª Parte - O retorno fora das quatro linhas

5ª Parte - SOS ex-jogadores

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